quarta-feira, abril 13, 2005

Uma referência às Festas do Espírito Santo da Ilha Terceira


Associadas à mística franciscana e ao espírito caridoso da rainha Santa Isabel (séc. XIV), as Festas do Espírito Santo vieram para os Açores com os primeiros povoadores.
A invocação do Espírito Santo aquando das catástrofes naturais que afligiram o arquipélago e a fama dos seus milagres, a vida difícil, o isolamento das ilhas contribuíram para que o culto se arraigasse e permanecesse, enquanto desaparecia em Portugal Continental (excepto com raras excepções), e fosse levado pelos emigrantes açorianos para o Brasil, América e África, onde ainda hoje são repetidas as antigas cerimónias em todo o seu esplendor.
De natureza caritativa, as Festas do Espírito Santo destinavam-se à entrega do "bodo" aos necessitados.
Tudo começa no domingo da Trindade com o sorteio, entre os irmãos, dos que serão mordomos da festa do ano seguinte. O primeiro a ser eleito recolhe as insígnias do Espírito Santo (coroa e ceptro em salva de prata) na sua casa até à Pascoela, período em que começam os festejos com "balhos" - acompanhados por violas e cantorias - enquanto no "quarto de estado", principal compartimento da habitação, está armado e profusamente decorado o trono do Espírito Santo. Realiza-se então a "coroação", em que a coroa é colocada, na igreja da freguesia, na cabeça de uma criança ou adulto - o "imperador" - que leva em procissão os símbolos da sua dignidade a casa de um outro mordomo - cerimónia chamada "dispor a coroa" - que os guarda por uma semana.
Depois, em cada domingo, a coroa, o ceptro e a salva vão passando pelas casas dos mordomos até ao dia da festa, em que são expostos no império. Nesse dia a carne das reses, oferecida em cumprimento de promessas, é confeccionada nas típicas sopas do Espírito Santo e na perfumada "alcatra", e, acompanhada pelo pão de mesa, pão de água e pão doce, a massa sovada e o vinho de "cheiro", fortemente aromático, é consumida por todos os habitantes da freguesia e seus visitantes, num ambiente de grande regozijo.
Às festas nunca faltam os "foliões", que têm o encargo de anunciar, dirigir e animar as cerimónias com seus cantares e a música de um tambor e dos címbalos, chamados "testos" pelo povo.
A festa termina, nas freguesias rurais, com uma movimentada e colorida "tourada à corda".
As Festas do Espírito Santo prolongam-se desde o domingo de Pentecostes até final do Verão, dando colorido e alegria a toda a ilha. Posted by Hello

2 comentários:

V. disse...

Eu que o diga!!! Adoro a Terceira pelas suas festas e pelas suas gentes! A forma de viver dos terceirenses, quanto a mim, é a mais alegre e festeira dos Açores... Os açorianos têm a fama de ser, pela sua história trágica pelas catástrofes que sempre ocorreram por estas ilhas, e posterior factor elevado de emigração, um povo triste, carregado de superstições e fados ingratos. Em parte concordo, uma vez que ainda há pessoas assim. Mas, também, existem açorianos, em grande parte jovens, que nunca viveram grandes sustos da natureza, que olham o presente e o futuro com outra maneira de viver: aproveitar o dia, o minuto e o segundo, mas nunca deixar de aproveitar também a noite, além de que também tiram o melhor partido das nossas tradições... Deste modo, acredito que essas mesmas nunca morrerão... (espero eu)!!!

RD disse...

É preciso é genica. Como aquela que já temos, levada do diabo. :)
Beijinhos.